"No bosque, oculta pelas árvores do lago, a filha mais nova
das rosas e dos espíritos selvagens observa o senhor da noite. Ele - pensador
nato, sublime e solitário - refletia consigo, com as estrelas e com a lua, e
com seus respectivos reflexos nas águas puras. Já ela - cujo coração puro nunca
fora tocado pelos homens da terra, sendo então a última sobrevivente de sua
linhagem esquecida - apenas o via e nada dizia, fascínio era este a
hipnotizá-la.
Antes que o Sol despertasse ou que o rei dos mantos do breu eterno partisse, ela já estava a fugir para longe, questionando seus companheiros coelhos, raposas e borboletas do bosque que nada podiam lhe dizer. Intrigada e muito temerosa quanto aos seus pensamentos inquietos, subiu o monte até as campinas mais distantes e clamou por seu guardião.
Antes que o Sol despertasse ou que o rei dos mantos do breu eterno partisse, ela já estava a fugir para longe, questionando seus companheiros coelhos, raposas e borboletas do bosque que nada podiam lhe dizer. Intrigada e muito temerosa quanto aos seus pensamentos inquietos, subiu o monte até as campinas mais distantes e clamou por seu guardião.
Uma criatura nascida do fogo desceu com um feixe de luz e,
no segundo ao se virar, a menina encarou o majestoso dragão de sangue e cicatrizes.
Balthazar era o nome, um espírito perdido e doente de guerreiro, salvo pelo seu
afeto e condenado a tal monstruosa forma de asas rasgadas, garras e presas
afiadas, escamas muito grossas e ossos sobressalentes, cuja boca exalava um calor
sufocante em memória a sua fome de guerra. Ele abaixou-se cordialmente para
vê-la melhor – do tamanho de uma fadinha – e bufou em seu rosto, fazendo-a se
encolher por um breve momento, pois ele já sabia o que viera lhe dizer. Mas ela
tocou-lhe a face com sua mãozinha diminuta e acariciou-o como a um filhote, e
ambos entenderam que a decisão estava feita. Balthazar fechou seus olhos cor de
esmeralda queimada por um longo instante e os abriu, assentindo. A ninfa
abraçou uma de suas grandes patas e, junto dele, esperou a noite voltar.
Quando o céu escureceu, ele também voltou para seu encontro, silencioso e calmo, em seu rito mais antigo do que sua própria vida. Perspicaz como nenhum outro, logo percebeu os pequenos olhos a lhe observarem de longe, tímidos e gentis, presentes em todas as últimas noites. Um demorado instante se fez, o filho das sombras também a fitava com as estrelas distantes de seus próprios olhos, curioso com aquela estranha brincadeira a ele desconhecida. A jovem dama pálida dos espinhos e dos dragões celestes, vestida apenas com a fina luz do luar devido a sua castidade, caminhou lentamente com passos tortos e rosto corado ao encontro dele.
Envergonhada, estendeu-lhe um delicado cravo em vermelho
escuro, retirado de seu próprio busto. Sua vida."
(23/01/2013)
Um conto que faz com que eu me sinta a pessoa mais especial deste mundo, meu amor.
ResponderExcluirBreno Simplicio: Parabéns, seu trabalho é muito foda, espero um dia ler um livro seu
ResponderExcluir^^
Lindo, poético.... Arrebatador, eu diria..... Abração!!!!!!
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