sábado, 23 de abril de 2011

Pequenas Histórias 2: Pensamentos de Mary

Eu não sei como essas coisas me vem na cabeça, simplesmente me dá vontade de escrever um texto e eu não hesito em pôr o que conseguir no papel. Este nasceu durante uma aula, quando eu recordava minha infância. Lembrei das histórias que meus pais contavam, em especial sobre três "quase-afogamentos" meus. Bem, vamos lá...

Mortais Lembranças D'água

 Meu lugar favorito em Damian sempre foi a enorme ponte que anunciava a entrada da cidade. Era velha, firme, escurecida e gelada. Apenas a lua iluminava aqueles que passavam por ali. Chegava a ser irônico um lugar tão morto e obscuro como entrada de uma cidade tão cheia de vida e iluminada por um punhado de cores ofuscantes em todos os lados. Mas, para mim, sobre a ponte tinha-se a melhor visão de Damian: olhando para trás, todo o cenário do mundo moderno; olhando para frente, a natureza fechada e intocada, guardando segredos que muitos preferiam não saber. Ainda em baixo, a tranquilidade do rio, com leves movimentações causadas pelo vento. Fitava-o tanto, por longas horas, que até podia imaginar-me flutuando sobre a água. O ria me chamava. Minhas experiências com rios, açudes e piscinas nunca foram as melhores, porém nunca perdi meu fascínio por mergulhos, mesmo lembrando perfeitamente de todos os momentos submersa... Mais que completa escuridão ou luz, a água envolve todo meu corpo e logo começa a pressioná-lo. O ar escapa, desespero libera-se por minhas veias, travo uma guerra pela sobrevivência, entretanto não há onde me apoiar. O rio continua puxando-me para baixo enquanto invade meu corpo Alguém, por favor, me ajude. Não há ninguém para me ouvir. Não sei se estou chorando, pois banho-me num mar de lágrimas...
  Então acordei, afastando-me subitamente da beirada da ponte, respirando rápido. Já chega, hora de voltar para a realidade.

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