sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pequenas Histórias 3

Eu queria atenção especial de vocês para essa pequena história. Na verdade, é um dos meus projetos para um livro, então gostaria que comentassem se são a favor de uma continuação. Sua opinião é muito bem-vinda! Ah, como podem perceber, ainda não tem nome...


 O desespero quase incontrolável de Alef era bem visível em seus olhos cinzentos, o coração estava a ponto de rasgar seu peito. Trêmulo, experimentava uma sensação antes desconhecida: medo. Ele nunca se permitira temer, tinha um plano para cada situação, tinha sempre controle sobre tudo. Exceto naquele instante, olhando para as lágrimas de sua irmãzinha na mira de um revólver. Joe Silc era um verdadeiro assassino que só ainda não atirara pela utilidade óbvia da garotinha como escudo humano. Nunca devia ter permitido que ela soubesse dos negócios com Ivan. A única menina que amava de verdade, de uma forma pura e incondicional! Queria apenas vê-la sorrir, como costumava fazer nos passeios pela praça da cidade; como quando deu a ela um coelho no seu aniversário passado; como durante o inverno, onde eles mais pareciam crianças de neve...
 - Alef! - Ivan chamava-o, ao seu lado, impaciente.
 Quanto mais tempo ficassem ali, mais vulneráveis estavam a um novo ataque. Ivan Krowless não admitia erros e pouco se importava com a vida da garota. Porém sua conexão com Alef era importante para conseguir seus objetivos, então deu o papel da escolha ao rapaz, do contrário já teria tirado a arma da calça e acabado com aquilo de uma só vez.
 Acho que vergonha, medo e culpa são as melhores palavras para descrever como Fleur se sentia. Uma flor prestes a ser despedaçada. Tinha apenas 11 anos e já se considerava um completo incômodo. Na semana passada, implorou para ajudar e agora, graças ao seu descuido, era refém do inimigo. Mais que isso, dependia de Alef, quando tanto quisera mostrar-se madura o suficiente para cuidar de si. Um erro comum, ela devia saber. E o semblante dele... sua mente fervia em busca de uma escapatória segura para todos. Fleur respirou profundamente, não podia ser apenas a "mocinha em perigo" como tantas outras que via nos filmes. Precisava agir.
 Uma ideia veio-lhe a mente. Pisou no pé de Joe, que, num grito, a empurrou instintivamente, mas não antes dela virar-se e dar-lhe um soco. O empurrão a derrubou, uma oportunidade perfeita para seus companheiros agirem. Enquanto se erguia, uma sensação correu-lhe forte pelas veias como uma descarga elétrica muito rápida. Os olhos arregalaram-se, terror. Ela sabia o que ia acontecer.
 -Aleeeeeeeeeeef! - gritou, tarde demais, como sempre.
 Dois tiros foram disparados. Fleur olhou para trás. Joe apontava a arma para frente, seus olhos eram vazios, havia um buraco na testa. Não tardou a cair, sem vida. Olhou então para frente. Mesmo que não quisesse confessar para si mesma, torcia para que a outra bala tivesse atingido Ivan, para que todo aquele pesadelo terminasse. Ivan realmente estava na mesma posição que Joe, seus olhos também eram vazios, entretanto era só o vazio costumeiro dele, sem qualquer vestígio de emoção. Mas não tinha ferimentos. Fleur baixara o olhar, sabendo que não queria ver. O garoto de cabelos brancos e vestes igualmente impecáveis, como as dela mesma, exceto por uma mancha vermelha que não devia estar ali...
 -Não... - murmurou, engatinhando para junto dele, virando-o e pondo a cabeça dele em seu colo - Não, não, não!
 Banhava-se nas próprias lágrimas, apertando-o contra si. Afundou sua cabeça no corpo do garoto, aquilo não podia estar acontecendo, era tudo um pesadelo. Porém nunca mais ouviria qualquer palavra de seu amado irmão... A morte parecia ter lançado um véu de consolo sobre os dois que a impedia de entrar em pânico, consequentemente tornando mais intensa a triste realidade.
 Mais uma vez Ivan era cercado por um muro impenetrável que já fazia parte de sua natureza. Nada sentia. Claro que a perda de alguém como aquele rapaz, cuja inteligência o ajudou muitas vezes, era significante. Mas não havia tristeza para ele. Continuou a observar os gêmeos, duas pequenas crianças cujas mentes mais avançadas que o normal fundiam-se com a inocência infantil.

9 anos depois

Domingo. Um mar de nuvens negras cobria o céu. O sol não quis aparecer de maneira alguma. Espíritos - ou o que quer que fossem - caminhavam por cada rua, cada construção de Damian. Eram 8 horas da manhã. Uma garota de cabelos brancos observava a cidade morta. Imaginou se os pesares dela resolveram se manifestar no clima. Hoje os dois teriam 20 anos...

2 comentários:

  1. Divertida a história, hahaha, com certeza deve continuar. ^^ Incrível como existem pessoas que conseguem fazer eu prender minha atenção numa montanha de letras, hahaa. Sério tem que ter continuação

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