Mas eu ando devagar, não vou deixar que a pressa dos outros contamine o meu passeio. Eu preciso filtrar tudo ao meu redor, alimentar-me do que vejo, respirar tudo, deixar o tempo pulsar em mim. As paredes, com a umidade da chuva, parecem ter as cores reforçadas. Como se fossem cores mais vivas, até o ar parece ficar mais vivo. Então, as cores vivas das paredes das casas, do chão molhado, das plantas, sei lá... até dos guarda-chuvas das pessoas apressadas, dos carros na rua respingando água suja nos outros, de tudo, enfim, contrasta com o céu cinza e frio. Nesse momento eu gosto de andar pela rua. Eu ando pelo mundo, devagar, naquele instante. Há música dentro de mim..."
Landeira, J. L; Baronto, L. E. O tempo em gêneros. São Paulo: Salesianas, 2008.
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