terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Uma Coletora de Fragmentos

Um trecho agora da história de uma de minhas Malkavianas. A mais boazinha, se me permitem dizer. Minha pequena Lilian foi adotada por uma Toreador e um Malkavian quando ainda era uma jovem humana, sendo criada por eles e o carniçal Erick até os 21 anos, quando foi finalmente abraçada.

"A loucura é só uma pequena consequência para quem sabe mais do que deve saber.

 Alguns dizem que não vale a pena, que torna o conhecimento inútil. Não é bem assim, eu acho. As coisas que consigo tirar dele são muito úteis, compreensíveis ou não. Para mim.

Nasci em 1987 e morri em 2008, quando adotei o nome de Lilian, um presente de meus novos pais. Meus pais verdadeiros possuíam uma boa condição financeira e eram muito felizes juntos, apesar das crises de depressão da minha mãe. Só após minha morte Julian me falou sobre o dia que nasci, sobre um homem chamado Samuel que atirou em minha mãe durante um assalto, matando-a e forçando os médicos a me tirar dali antes do tempo. Meu pai era muito jovem e isto o traumatizou, ele tornou-se quase obcecado pela minha segurança.

 Quando criança, sempre estive ou pelo menos me sentia sozinha. Como já disse, meu pai tinha uma ótima condição financeira e me cercava de tudo que eu queria – sou um pouco mimada por isso, talvez. Ele passava as manhãs e tardes comigo, sempre tentando me agradar, e partia durante a noite para seu escritório, assim que chegavam dois grandes amigos dele e de minha mãe; ambos estrangeiros ingleses e meus únicos amigos, Julian e Rose. O mundo para mim era uma paisagem pintada na janela do meu quarto. Mas isto não me entristecia, eu adorava a expressão de Julian quando eu o surpreendia com o assunto do próximo capítulo do livro de História, adorava que Rose trouxesse um pote de sorvete.

 Havia madrugadas tristes, nas quais meu pai chegava fora de si e me chamava aos berros na sala de estar, despertando-me. Eu olhava escondida junto à escada no segundo andar, enquanto Julian segurava-o com uma serenidade incomum e Rose lhe dizia que iria me acordar. Ele parava de gritar e caia aos prantos.

Sabe, as pessoas não costumam dizer coisas boas sobre bebês que nascem de mães mortas.

Ao escolhermos certo caminho, ganhamos todos os seus obstáculos - um bônus que não pode ser recusado - até o próximo cruzamento. Assim traçamos nossa vida. Esta escolha sempre afeta alguém de alguma maneira, mesmo sem nós o conhecermos, porque compartilhamos o mesmo mundo com várias pessoas.

 Certa manhã, quando eu tinha 12 anos, papai decidiu que até mesmo Julian e Rose eram uma ameaça para mim. Foi então que Julian decidiu satisfazer o desejo de sua amada e tirar-me de meu pai, antes que seu declínio mental ameaçasse minha vida. Desconsidero esse segundo motivo. Julian queria a mim e nada entraria em seu caminho, a insanidade do homem era só uma desculpa."

Um comentário:

  1. natureza: criança
    comportamento: comformista

    ?


    Ótimo texto querida, espero ansiosamente pela continuação;

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