sexta-feira, 16 de março de 2012

As Cinzas da Neve e Lágrimas no Vazio

Eu peço desculpas pela falta de posts, estou sem tempo para escrever, muitas provas e trabalhos escolares. Mas, para não deixá-los de mãos vazias, deixo aqui dois textos curtos que fiz nas poucas horas vagas e que provavelmente devem ser terminados e repostados mais tarde. O primeiro se trata de uma antiga e poderosa personagem vampírica, guardada em meus pensamentos, e o segundo é sobre minha querida Adele - sim, ainda escrevo textos para ela.

"As Cinzas da Neve

Ela deixou o corpo tombar para frente, encolhida no chão. Estava exausta e enojada da vida, da podridão daquele padrão comportamental que se seguia por anos e anos igual. O que devia ser uma terapia tornou-se tortura. Acariciando o carpete vermelho, encontrou-se em meio aos bailes dos Sangue Azul. Mas não havia mais bailes para ela, nada de música ou dança ou sorrisos. Tudo que tinha eram a neve, o frio e o cinza que lhe acompanhava no novo nome para substituir o já esquecido: Gray.

Ah, o êxtase! Por que ele se foi? Os pulsos e a garganta jorrando sangue, os olhos revirados e o sorriso grotesco. Onde estavam os amigos que faziam questão de alimentá-la com suas próprias almas necessitadas?

Em algum campo do passado, eles estavam lá. Ela usava-os pra fugir de si e mandou que fugissem para se encontrar. E se encontrou. E estacou-se no castelo, sendo visitada muito raramente por velhos companheiros ou sua babá doente. Todos adoeciam. Depois de tantos séculos assim, agora sentia falta dos gritos, do medo, da dor."


"Lágrimas no Vazio

A gélida noite corrompeu sua "paz" - ou ao menos ausência de guerra - interior. Ela estava enfraquecida por uma patética solidão que afetava desde o mais fraco ao mais forte membro, caminhando sem rumo, embriagada com fortes doses do vazio. Aqueles momentos em que tudo que você buscou não faz mais o menor sentido e você sabe que deveria ter feito outras escolhas. Não, isso não devia acontecer com ela, jamais. A culpa era apenas sua por ter abandonado o que um dia lhe fora tão precioso. No fim, ainda era uma garotinha a cometer erros tolos diante da vida... ou não-vida.

A morte inflou em seu peito, a sede. Esta era uma das poucas coisas que, por mais que ela a tenha odiado, sempre faria sentido. A besta nunca nos abandona. Entretanto, naquela noite em especial, ela lhe trouxe um presente perverso. Uma humilde lembrança se arrastou até alcançar as mais distantes de suas memórias...

"E lá estavam os dois, perdidos em pensamentos amargos e libidinosos. O vampiro acariciou o cabelo dourado da menina com deliberada lentidão, sentindo-se embriagado pelo cheiro de sua pele.

'São como raios de sol', disse ele,  aproximando os lábios trêmulos do rosto da menina.

'Eles conseguem te machucar?' perguntou a garota, mais uma vez se deixando levar pelo encanto dos olhos magnéticos de seu amante.

'Sim, me machucam mais do que você pode imaginar. Não é uma dor no corpo – É uma dor na alma. O brilho de seu sorriso e de seus cabelos me faz lembrar de tudo aquilo que eu perdi quando me tornei o que sou, e isso dói muito'."

Ela conheceu esta dor e optou por desconhecer seu amante, seu senhor. Por quê, meu perdido Deus? Para quê?

Naquela fatídica noite, tão perto do fim, Adele chorou."

2 comentários:

  1. Parabens pelo post...muito bem feito.

    Com certeza vou ter que entrar novamente para ler quando for repostados.

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    1. Bem, como eu disse, ando meio ocupada. Mas assim que puder devo concluí-los ^^

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