"Eu era velha e morri. Não lembro dos meus amigos, dos meus pais, nem dos meus amores. Não lembro como estava, mas sei que sentia dores por todo corpo. Então morri. Tudo que lembro é meu nome.
-Nancy… - a luz sussurrava para mim.
Estava por todo lugar, seja lá que lugar fosse. Era simplesmente luz e não me ofuscava, quente e macia como num berço. Notei que não sentia meu corpo, mas ele voltou. Mãos, pés, sem dores. Olhei-me e estava vestida num véu branco, um corpo reto, saudável e pequeno. Devo ter uns 10 anos.
Antes que o vazio me assustasse, vi alguém se aproximar. Possuía cabelos castanhos, curtos e volumosos, levemente ondulados, muito parecidos com os meus - que eram apenas mais longos. Ele sorri, parece ter 17 anos, mas eu não sei… Como se ele não pudesse ter alguma “idade”. Vestia camiseta e calça frouxas e brancas. Estive com saudade dele, sei que o conheço há muito tempo, mas não lembro como ou quando. De repente lembranças vagas da vida, sorrisos e lágrimas, me atacam como uma flecha. Pulei em seus braços, chorando. Ele afagou meus cabelos e me pegou no colo. Eu fechei meus olhos e fiquei ali, quieta, enquanto ele me levava para um lugar feliz, onde as sombras jamais se aproximariam de mim novamente…
(Novembro de 2011)”
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